terça-feira, 1 de dezembro de 2009

Atividade- Geografia dos Contos

INFORMAÇÕES SOBRE O CONTO "Por um pé de feijão" de Antonio Torres

Apesar de não ter conseguido achar muitas resenhas sobre o conto “Por um pé de feijão” de Antonio Torres, posso dizer que foi muito interessante trabalhar com este conto, principalmente por ficar sabendo o porquê de o autor tê-lo escrito.
A seguir, algumas informações adquiridas durante minhas pesquisas.
Ao enviar um e.mail para o autor, o mesmo ao respondê-lo, falou da satisfação de saber que em Irecê, a terra do feijão, alguém leu o conto “Por um pé de feijão”.
Informou-me também que não se recordava em que data foi escrito e que achava que o mais provável é que tenha sido na década de 1980.
Este conto foi escrito no Rio de Janeiro, publicado no livro Meninos, eu conto, em 1999 pela editora Record e já deve estar na 8º edição.
O autor nasceu no Junco, hoje Sátiro Dias, no sertão da Bahia. Quando era menino, vivia entre a roça e o povoado, então um distrito de Inhambupe, que em 1958 se tornou cidade. O conto foi escrito graças a uma lembrança de infância: um dia em que ele ia voltando da escola para casa e avistou um grande incêndio. Era uma montanha de feijão empilhado num pasto de um vizinho, para ser batido, que estava pegando fogo. Em casa, ouviu comentários de que o incêndio havia sido criminoso. Foi à lembrança da nuvem de fumaça indo pelos ares que levou a criar o conto. Ou seja, de real ali só teve a fumaça e o menino que a viu e que um dia iria se lembrar dela. Tudo o mais foi inventado.
Este conto foi uma espécie de descanso entre um romance e outro, alguns com temáticas urbanas, outras rurais - ou tratando da relação do homem do campo com a cidade. Dizem que seu trabalho romanesco tem certo cunho memorialístico. No conto "Por um pé de feijão" (assim como nos outros dois de "Meninos, eu conto") também.
O local em que ambientado o conto é a terra em que nasceu igual a tantas outras perdidas nos confins do tempo - e num tempo em que a cultura de subsistência prevalecia nas pequenas propriedades rurais.
Contextualizando geo histórico da produção do conto com, ou seja, com os fatos marcantes que levaram o autor a escrevê-lo, podemos observar que estas lembranças, também fazem parte da vida dos agricultores da região de Irecê,onde, demarcaram seu território em relação as plantações de feijão.E ao se referir como sendo o território, Milton Santos (2000,p96), diz:


O chão da população, isto é sua identidade, o fato e o sentimento de pertencer àquilo que nos pertence. O território é a base do trabalho, da residência, das trocas materiais e espirituais e da vida, sobre os quais ele influi.(SANTOS,2000)


Este sentimento de pertencimento, de identidade, faz parte de todos que levam a vida a plantar, esperando que haja uma boa safra, principalmente por depender das chuvas.
Sendo assim, este conto nos leva a vivenciar as cenas como se estivéssemos naquele exato momento em que o menino narra à história. Passamos a imaginar o sofrimento dele e de todos que esperavam para colher o feijão.
O cenário é semelhante quando se analisa o território Irecê, localizado no semi-árido do Estado da Bahia. As atividades econômicas da região são fortemente ligadas à agricultura que durante os anos 1980/1990 caracterizava-se pela produção de feijão.
As crises decorrentes de estiagens impactaram negativamente a lavoura, tendo como conseqüência a retirada do município do zoneamento agrícola para o feijão ainda nos anos 1990.
Os agricultores passam a explorar outras atividades, onde se destacam as culturas irrigadas, retomando-se a diversificação da atividade agrícola na região, através das olerícolas (cenoura e beterraba) e fruteira, dentre as quais, a pinha ou fruta-do-conde.
O feijão é uma cultura tradicional no município e nas décadas de 80 e 90 era responsável pela grande soma de empregos inclusive fator preponderante pelo fluxo imigratório para o Território naquela ocasião. Nos anos de 90, o feijão sofreu reduções no volume de área cultivada, na produção e no valor da produção tendo como principal causa a diminuição da oferta de crédito subsidiado, do apoio do setor público e de outras políticas agrícolas.



REFERÊNCIAS:
BA Irecê: banco de dados. Disponível em:>HTTP://www.condraf.org.br/biblioteca virtual/ep/EP BA Irece.pdf .Acesso em 27 novembro 2009.
Projeto Releituras:disponível em:>http://www.releituras.com/antoniotorres_menu.asp

Um comentário:

José Nildo disse...

Que interessante esse conto colga, o titulo já nos faz lembrar dos tempos que o feijão era a solução para o nosso problema econômico pessoal.
O conto "Por um pé de feijão tem tudo a ver com nossa região e com a situação de nossos alunos, onde muitos deixam de ir a escola para ir realizar algumtrabalho na roça para ajudar os pai.