terça-feira, 1 de dezembro de 2009

GEAC-ANTONIO GRAMSCI

A questão da educação, em Gramsci, insere-se no contexto mais amplo de instituição da política e de consolidação de um modelo de civilização. Desse modo, qualquer Estado possui uma função educadora, à medida que orienta e adapta os indivíduos a uma determinada estrutura social. A leitura de Gramsci oferece os pressupostos para refletir sobre um novo modelo de escola democrática geradora da possibilidade de participação política efetiva de todos no conjunto da estrutura política da sociedade.
Embora Gramsci reflita com um referencial histórico da sociedade capitalista de 1920, cenário no qual as classes trabalhadoras precisavam elaborar uma consciência crítica a partir de sua realidade e de sua ação para levar avante o projeto socialista, suas reflexões continuam atuais à medida que mostram os limites da democracia burguesa e ampliam a noção de educação, colocando em questão a atividade educativa desenvolvida no âmbito da sociedade capitalista.
A luta por um novo projeto social constitui-se, para Gramsci, na gestação de um novo Estado que, atuando um novo processo de educação, poderia gerar condições de uma nova experiência de escola democrática, não mais enraizada na individualidade nem na propriedade privada, mas construída por novas relações coletivas de solidariedade e de consciência crítica, a fim de viabilizar a efetiva liberdade de cada um no conjunto da vida coletiva.
A originalidade de seu pensamento faz dele um dos grandes intelectuais do nosso tempo. E seus escritos apresentam-se hoje como uma contribuição inovadora para a compreensão da estrutura do Estado e da escola democrática.
Podemos criticar a escola realmente existente, mas temos excelentes motivos para dedicar a ela o melhor de nossos esforços e convertê-la numa causa ampla, generosa, democrática. Se soubermos partir da escola que está aí, em vez de descartá-la como sendo um projeto hegemônico das classes dominantes, se soubermos escapar definitivamente da idéia de que uma boa escola — uma escola de qualidade, democrática, de massas, universal, pública e gratuita, ou seja, só virá depois que tivermos uma boa sociedade, certamente teremos como reformar a escola.
No Brasil, antes de tudo, precisamos reformar a escola e o sistema educacional, tanto quanto precisamos de novas políticas para a educação. Estamos convencidos de que devemos dar mais espaço na escola para professores e alunos, estimular o controle democrático da escola pela comunidade, melhorar a gestão escolar, tornar a escola — e aqui particularmente a escola pública — um valor nacional, brigar para modificar o peso relativo da política educacional diante das demais políticas governamentais.

A HISTÓRIA DE ANTONIO GRAMSCI

Antonio Gramsci nasceu em Ales, na ilha da Sardenha em 22 de janeiro de 1891. Aos dois anos foi vítima de uma doença que o deixou corcunda e prejudicou seu crescimento.
Quando adulto, não media mais de 1,50 metros e sua saúde sempre foi
frágil.
Ajudou a fundar o partido comunista italiano em 1921. Foi um político,
filósofo e cientista político, comunista e anti-fascista italiano. Estudou literatura na Universidade de Turim. Tornou-se um notável jornalista.
A maior parte de suas obras foi criada na prisão e só veio a público depois de sua morte.
Ficou preso durante vinte anos e nesse período de seu encarceramento
Gramsci escreveu as Cartas do Cárcere, onde concebe as bases de seu pensamento político.
Em 1934 sua saúde estava seriamente abalada. Recebe a liberdade condicional e falece aos 46 anos.
Gramsci introduziu na Itália o marxismo investigativo contrapondo-o ao marxismo didascálico ou doutrinário.
O conceito de hegemonia é um dos pilares do pensamento gramsciano, ou seja,Hegemonia Cultural, que é o meio de manipulação do estado capitalista.
Houve uma crescente divulgação e prestígio dos textos gramscianos aos dias de hoje e que denominamos como socialismo investigativo: Gramsci, Vygotski e o Instituto de Psicologia de Moscou.
Gramsci situa a hegemonia numa disputa no nível da superestrutura, que dá sentido a duas idéias gramscianas: a idéia da sociedade política, que exerce a hegemonia através da coerção; e a idéia da sociedade civil (grupos sociais como associações, sindicatos),que formam alianças entre si em busca da hegemonia, da direção intelectual e moral.
Uma das áreas de debate e estudo na qual se verificou a centralidade da contribuição do pensamento de Antonio Gramsci é, de fato da educação e da pedagogia.
Alguns conceitos criados ou valorizados por Gramsci hoje são de uso corrente em várias partes do mundo. Um deles é o de cidadania. Foi ele quem trouxe à discussão pedagógica a conquista da cidadania como um objetivo da escola. Ela deveria ser orientada para o que o pensador chamou de elevação cultural das massas, ou seja, livrá-las de uma visão de mundo que, por se assentar em preconceitos e tabus, predispõe à interiorização acrítica da ideologia das classes dominantes.
Para o socialismo investigativo, produzir cultura não é difundir uma doutrina e sim desencadear nas pessoas um processo de auto-identificação histórica; por isso, a escola básica não pode ser uma escola para a profissionalização precoce e sim uma escola de cultura desinteressada: “Cultura é organização, disciplina do próprio eu interior, é tomada de posse da própria personalidade, é conquista de consciência superior, pela qual se consegue compreender seu próprio valor histórico, a função na vida, os próprios direitos e deveres” (Gramsci, 1980, p. 100).
A idéia da “escola unitária”, proposta educacional construída tendo como base o processo vivo que levou, num dos movimentos empreendidos pela burguesia para reforçar e proteger sua hegemonia, à constituição da “escola nova”, a “escola ativa”, na qual haveria maior aproximação professor-aluno e os problemas da vida “prática” (mundo do trabalho) passariam a ser firmemente considerados.
A “escola unitária” de Gramsci seria o desfecho de todo o processo de crise da velha escola — crise esta determinada pela agonia da sociedade e da cultura tradicionais, pré industriais, com o que a escola se separou da vida, tornando-se “desinteressada” demais ou “especializada” demais. A crise da escola, para Gramsci, era uma “progressiva degenerescência”: as escolas de tipo profissional, isto é, preocupadas em satisfazer interesses práticos imediatos, passavam a predominar sobre a escola formativa, imediatamente desinteressada, invertendo a estrutura que prevalecia anteriormente.
O novo tipo de escola, porém, ainda que tivesse muitos elementos progressistas, não era democrático e acabava por se realizar como um fator adicional de perpetuação e cristalização das diferenças sociais. Para destruir tal armadilha, seria necessário, nas palavras de Gramsci, “não multiplicar e hierarquizar os tipos de escola profissional, mas criar um tipo único de escola preparatória (primário-médio) que conduza o jovem até a escolha profissional, formando-o, durante este meio tempo, como pessoa capaz de pensar, de estudar, de dirigir ou de controlar quem dirige.

Referências:
EDUCAR Para crescer- Disponível em educarparacrescer.abril.com.br/Antonio-gramsci-307895.shtml Acesso em Nov.2009.
A Pedagogia de Gramsci e o Brasil – Disponível em www.acessa.com/gramsci/?id=168&page Acesso em nov. 2009

Um comentário:

maurina disse...

É isso mesmo Mari a mudança para uma escola democática onde tem a participação de todos faz com que a escola como um todo cresça e se torna cada vez melhor. Mais para isso e necessário que as pessoas que fazem parte deste estabelecimento estejam dispostos a está mudança pois falar e fàcil mais quando e para por em prática a coisa pega.Eu acredito nesta mudança e sei que é possivel basta você querer e fazer um ensino e aprendizagem de qualidade.E mais este Gramsci ele é muito sábio em fazer estes depoimentos referente a este novo sistema politico de ensino inclusive das escolas públicas parabéns para você também Mari e mais eu também sou apaixonada por educação apesar dos obstàculos que enfretamos mais isso me causa um bem maior.Maurina