UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA
FACULDADE DE EDUCAÇÃO-FACED-PROJETO IRECÊ:
CURSO DE PEDAGOGIA: ENSINO FUNDAMENTAL/SÉRIES INICIAIS
GRUPO DE ESTUDO ACADÊMICO-GEAC
PROFESSORA: ROSELI SÁ
CURSISTA:MARILEIDE MARTINS LIMA
ATIVIDADE: LINHA DO TEMPO-BASEADO NO TEXTO “PERFIL” DE RICARDO NOBLAT
O tempo e os fatos aparecem em nossas vidas, dando significação a tudo que venhamos a fazer.
Muitas vezes atravessam nossos caminhos, se entrelaçam e nos faz perceber que a vida é cheia de mudanças, e que estamos a cada dia em busca de novas descobertas.
Ah, o tempo! Que muitas vezes nos faz recordar de fatos adormecidos em nossas memórias, mas que teimam em aparecer, para que possamos reviver, redescobrir, mudar, ou aperfeiçoar.
O tempo, este sim pode ser o senhor da razão. Talvez não no momento que queremos, mas ao tempo dele. Traz-nos, as lembranças de fatos, como se estivéssemos vivendo neste instante.
Então vamos voltar no tempo: ano de 1964, mesmo sem estar fazendo parte desta vida, fico imaginando o que poderia ter acontecido durante este ano, principalmente em relação a minha vida familiar. Contava-me minha mãe, das aventuras dela, do meu pai e dos meus irmãos, de tudo que viveram em vários lugares do Estado da Bahia (os banhos de rio, as conversas no quintal ao luar, o tempo que levava para ir para algum lugar, andando ou a cavalo,...), pois meu pai parecia que era cigano, mudando sempre de lugar.
Por outro lado, fico sabendo através do texto de Ricardo Noblat-Perfil, que ele viu durante este período, quando tinha 15 anos e estudava no Colégio Salesiano, que a tropa do Exército cerca o Palácio do Campo das Princesas, no Recife, para depor e prender o governador Miguel Arraes na tarde do dia 31 de março.
Após quatro anos, quando estava na condição de aluno do curso de jornalismo da Universidade Católica de Pernambuco, ele vê 300 soldados da Força Pública de São Paulo prender pouco menos de mil jovens reunidos em um sítio de Ibiúna durante o congresso da proscrita União Nacional dos Estudantes.
Enquanto isso, minha mãe se preparava para trazer-me ao mundo, mesmo sem saber de nada que ocorria neste período pelo Brasil a fora com aqueles jovens. E também nem imaginava que esta sua criancinha mais tarde seria defensora destes movimentos estudantis e dos comunistas, participando de várias passeatas e comícios.
Por coincidência, no ano seguinte ao meu nascimento, o líder comunista Gregório Bezerra foi libertado no Recife no dia 6 de setembro, para integrar o contingente de 15 presos políticos trocados pelo embaixador norte-americano seqüestrado no Rio de Janeiro. Ricardo Noblat que trabalhava na revista “Manchete” acabou sendo preso, e o embaixador foi solto no dia seguinte.
Meu pai continuava levando uma vida de cigano e neste ano fomos parar na cidade de São Vicente em Santos-São Paulo. Deste tempo, tenho a impressão de que recordo que nossa casa era feita de madeira, com janelas altas, onde um dia caí em cima de algumas pedras, mas não me machuquei. Foi um milagre! Também lembro que havia um pé de carambolas e o nosso cachorro pastor alemão, que tinha o nome de Rintintin. Não sei se é só fantasia da minha cabeça, ou se realmente recordo disto tudo.
Mas adiante, já morando na cidade de itapevi-São Paulo, acontecia minha formatura da 8ª série. Sentia-me muito radiante, pois havia ganhado um vestido feito por minha tia que morava aqui em Irecê e também por está concluindo uma grande etapa na minha vida estudantil.
Alegria de um, infelicidade de outros. Não é que neste ano (1981), o líder metalúrgico Luiz Inácio Lula da Silva foi preso e mantido em uma das salas do DOPS paulista, mesma sala que Ricardo, há treze anos antes fora interrogado e fichado como subversivo.
Mesmo sem ligar para política, pois estava em uma fase de encantamento entre paquera e namoro, onde meu coração estava batendo forte por um rapaz, fico sabendo pela televisão e pelas pessoas, tantos comentários a respeito do internamento do presidente eleito Tancredo Neves em 14 de março de 1985, a doze horas de tomar posse. Um mês depois, Ricardo velava o corpo deste presidente no mezanino do Palácio do Planalto.
No ano seguinte, mais precisamente no mês de fevereiro, houve uma grande mudança em minha vida. Resolvi passar as férias com minha tia aqui em Irecê-Bahia, onde me senti completamente desnorteada por não conhecer ninguém, achando tudo estranho (modo de ser das pessoas, sotaque, as casas grudadas uma nas outras...). Mas mesmo assim resolvi ficar e comecei a estudar.
Neste período, já consciente politicamente, também como Ricardo viu o entusiasmo das pessoas convocadas pelo presidente José Sarney para assegurar o sucesso do Plano Cruzado.
No ano seguinte, enquanto ele estava no Rio de Janeiro no dia em que Sarney foi apedrejado porque o plano fracassara, eu, estava no Colégio Claudio Abílio Aragão, estudando o segundo ano de magistério, ainda com muitas dúvidas sobre esta escolha que fiz para este curso. Mesmo sabendo que não era isso que queria, continuei, pois não podia ficar sem dar continuidade aos meus estudos.
Com esta tempestade de acontecimentos, já casada e esperando meu primeiro filho, com maior ansiedade para conhecê-lo, sentindo seus movimentos dentro do meu ventre, sentia ele como se quisesse sair logo para também assistir conosco ao crescimento de Fernando Collor nos corações e mentes dos brasileiros.
Noblat publicava artigos no Jornal do Brasil chamando-o de farsante. Ele não viu o governo dele agonizar e morrer porque trabalhava em Angola.
Em 1994, durante os oito anos como diretor de Redação do “Correio Brasiliense”, Ricardo Noblat via uma preciosa fonte de informações dos jornalistas ser eleito presidente da República Fernando Henrique Cardoso. Eu como militante do Partido Comunista do Brasil, participava de vários movimentos em defesa dos brasileiros, mesmo estando grávida da minha segunda filha, a qual herdou tanto do pai como da mãe este instinto de luta por um Brasil mais justo.
Já em 2003, como Diretor de Redação do Jornal “A Tarde”, Ricardo acompanhou a estréia na função de presidente da República do metalúrgico que um dia vira preso no DOPS. Eu estava em todos os movimentos, levantando a bandeira na luta para a grande mudança, que há tempos esperávamos, para transformação de nosso país. Ricardo volta 11 meses depois a Brasília, interessado em acompanhar de perto a experiência de um governo de esquerda governar pela direita. Eu tinha uma visão diferente da dele. Vejo um governo de esquerda, governar para os brasileiros, favorecendo todas as classes sociais, haja vista as mudanças educacionais que ocorreram logo após começar governar o Brasil.
Tanto que nos anos seguintes, o MEC lança o PROINFO (Programa Nacional de Informática na Educação), contribuindo com o exercício da cidadania na interação com o mundo da informação e da comunicação.
E como diz Nelson Pretto(Professor da FACED-BA), no seu artigo sobre Políticas Públicas Brasileira em Educação:
"Na busca de minimizar essa distância entre as políticas propostas, estamos, modestamente, tentando fazer essa integração no município de Irecê, na Bahia, através do Ponto de Cultura Ciberparque Anísio Teixeira[1], um projeto que inclui os nossos tabuleiros digitais[2], onde buscamos articular essas experiências com um programa de formação de professores implantado no município pela Faculdade de Educação da UFBA, o qual tem uma proposta curricular centrada em bases diferenciadas dos chamados currículos tradicionais(Nelson Pretto, p.18-2004)"
Neste período (2004), houve uma grande parceria entre a prefeitura de Irecê e a Universidade Federal da Bahia (FACED), proporcionando o curso de licenciatura em Pedagogia para os professores da Rede Municipal de Irecê, visando o uso destas novas tecnologias.
Recordo-me que fiquei muito triste por não fazer parte desta turma, pois não era concursada. Mas, tínhamos esperança de que haveria outra turma e apesar de tanta espera já concursada fui selecionada e estou aqui, agora para dar continuidade ao meu processo de formação acadêmica.
E com certeza, muitas vezes voltarei as minhas memórias que só o tempo mos faz recordar.
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